7.1.11

Insustentável...

Sensação de missão cumprida, mas falta alguma coisa. Um desfecho. Estou sofrendo, bem verdade, sofro como qualquer ser humano sofre ao saber que somente ama, e sem contrapartidas. Ao saber que não sabe amar! Que acreditou em palavras vãs durante um bom tempo, e que possui um sentimento fincado em nada, senão no vento, no tempo / espaço.

Durante alguns poucos anos me dediquei a uma vida dividida que não era compartilhada, pois só eu entregava e não recebia nada em troca além de críticas, brigas, confusões, acusações. Hoje acordei com meu coração murcho. Cansado, querendo fazer tão apenas o trabalho dele, de bombear sangue e acabou. E é assim que meu corpo se sente: cansado, como quem segue aquele lema de "missão dada é missão cumprida", não importa o desfecho da mesma.

Minha vontade hoje era bem piegas, só aquela de ir pra bem longe e ver coisas tão lindas que me fizessem esquecer tudo que passei. E ter outras lembranças que tornassem as minhas de hoje menos dolorosas, e não chorar mais, acima de tudo. Porque o que está feito, está feito e me orgulho, porque fui eu quem fiz, ainda dando a intenção ao outro lado de que está tudo bem, não estando. Quer dizer, está tudo bem, eu estou bem, eu estou acima de tudo orgulhosa de mim mesma, orgulhosa em saber que aquela coisa incondicional, indesatável, era mais um capricho meu do que uma verdade verdadeira. E aí, é como se desentranhasse da parede da minha alma, se deslocasse, esse peso, e me deixasse mais leve, embora não tão feliz como gostaria mas felizmente, mais leve. É a receita do tempo, que cura e que apaga todas as coisas. No fundo eu sabia que seria desse jeito assim, classudo, social, civilizado, com pinceladas de lágrimas e uma pitada de dor, mas sem aquele desespero, aquela ânsia, que estraga tudo.

Mas, que desfecho dar? Devo continuar, esperando que dessa vez seja pelo menos mais sincero, mais claro, mais leve; ou devo seguir meu caminho, voltar aos meus planos brilhantes, mirabolantes e a minha autosuficiente solidão? Estou em dúvidas, porque eu não gostaria de estar mais sozinha, talvez porque tenha estado durante tanto tempo e até hoje estou, uma sozinha bem acompanhada.

Um livro começa a ser escrito a partir de uma pergunta, penso eu. Um "porquê", um questionamento interno, uma dúvida, que o escritor se aproveita dela, tece uma narrativa e cria pra si o final ideal. A vida como gostaria que ela fosse, não como ela é. Felizes os escritores, disso eu sempre soube, possuem um mundo só deles e sabem, acima de tudo, amar, amar o amor somente, podendo ele ser uma pessoa, um bicho ou uma garrafa de uísque... "Porquês" eu já tenho aos montes, talento eu já não garanto tanto, mas posso me aventurar em meu mundo e criar meus finais... Será?