28.1.10

Por novas teorias.

Simplesmente por não saber como agir ou o que pensar, justamente por não mais poder prever nem prevenir o amanhã. Novas teorias para que eu possa novamente simplesmente mesmo em meio à minha tristeza sem fim saber que existe a possibilidade do dia acabar normal do mesmo jeito que começou, e não com esse gosto de dúvida. Novas teorias que me façam compreender o valor que tenho e o valor que você tem. Que me faça compreender o porquê de tudo isso. Que me façam compreender o que foi que eu fiz. Que me façam compreender a nossa culpa. Que, dentre outras coisas, me façam compreender finalmente que daqui pra frente nada mais será do jeito que eu quis ou imaginei, mas que é do jeito que deve ser. Que me façam compreender o silêncio e as milhões de coisas que são ditas nele. Como eu odeio o silêncio, e como eu nunca mais eu deixarei que ele me interpele. Outras teorias que venham a me convencer de que não é tarde demais. E que me convençam de que dias melhores virão. E que me convençam de que minha angústia não é para sempre. E que me convençam de que sua dor passará. E que me convençam de que as madrugadas voltarão a ser pequenas para nós dois, e que nunca mais faltarão palavras. Novas teorias que sejam capazes de me provar que você pode fazer sim de mim uma pessoa melhor. Ou que você já fez de mim uma pessoa melhor pelo simples fato de estar presente de alguma forma dentro de mim. Teorias que te convençam de tudo isso que quero que me convençam e de muito mais, muito mais mesmo. Que me convençam, mesmo que eu tenha certeza plena e absoluta, de que é para sempre.



Para T., sou muito grata pela felicidade que me proporcionou e proporciona até hoje.
Texto de 28/05/2007

Impressões.

Sempre fui meio errante. Acho interessante essa liberdade de fazer as coisas somente quando sinto vontade. E isso se estende a escrever, se refere a contar detalhes de minha vida, eu sempre protelo, deixo para depois. Mas isso tem motivo, claro, tudo tem um. Nem tudo muda, portanto, não existe necessidade latente, a não ser que aconteça. Não, isso não quer dizer que aconteceu. Quer dizer, aconteceu, enfim. Estou a remexer os baús do passado e vejo o qual incrível é capacidade que eu tenho de chorar pelo que passou. Passou como a uva-passa, literalmente, machucadinha, cheia de ruguinhas. Mesmo assim me vieram lembranças agradáveis de momentos que eu deveria esquecer. E incrível, sinto-me confortável. Aquele almejado conforto de quem aprende com o tempo, não que ele ensine, nem que ele cure. O papel do tempo é diminuir a dimensão das coisas, e isso vale pra tudo, e sinto que a dimensão foi diminuída, de fato. Hoje lembro com ternura do que foi meu pesadelo. Se eu for seguir a risca meu raciocínio, é breve que eu tema. Um dia posso estar mergulhada em meu pesadelo de novo.

11.1.10

Carta de amor, ridícula.

Me dê o endereço de quem plantou na sua cabeça que está tudo errado.
Eu juro que vou lá, e faço essa pessoa engolir uma por uma as vírgulas do que disse.
Empurro goela abaixo cada verbo, cada adjunto, e a cada frase sem sentido
que eu encontrar no falar dela, piso no peito seu pé com salto 15, e se ela
não estiver satisfeita com a dor, sentirá o calor das agulhas quentes embaixo da sua unha.
Porque, meu amor, nada há de ser errado, e até o que for errado, um dia vai se acertar
Porque tudo nasceu certo, tão certo quanto o sorriso que você vai esboçar quando ler essas linhas,
por mais que eu tente escondê-las, por zelo ou vergonha.
Tudo está tão certo, e a prova é que meu coração gela com cada despedida, cada dia
cada minuto que eu quase esqueço das marcas do seu rosto, ou das suas cuecas em minha gaveta
e até do barulho peculiar do seu carro.
Até o que está errado, vai se acertar, no dia em que cada canção que fizemos fizer sentido para tantos outros casais, mais até que nós dois;
no dia que a distância entre nós diminua até poucos centímetros de uma mão para outra, em cima de um lençol de algodão.
Se tudo entre nós está errado, eu não teria tanto amor. E você, certamente, não teria mais a mim.
Está tudo certo. Esse é o nosso caminho, e embora a felicidade esteja um tanto egoísta,
eu não deixo você por nada, embora reste a mim pouca coisa a fazer e a dizer.

10.1.10

Coragem.

Ela tinha resolvido ir para aquele lugar que tanto gostava. Nada de especial, somente algo de fresco no coração, que pedia que ela simplesmente fosse. E assim, foi. Mas só de pisar naquela grama, de tocar aquela areia, seu coração se enchia de uma alegria contagiante, a qual só quem realmente viu sua resplandescência poderia afirmar com certeza. Ela, no fundo, sabia que algo muito especial ia acontecer, no momento em que aquela voz querida e amiga surgisse no ar, como quem conta uma boa nova. Sabia que quando ouvisse essa voz, o mundo se abriria em cores, sabores e novas caras, e que aquele lugar sempre traria a certeza de que todas as coisas sonhadas, desejadas e queridas não eram apenas loucuras como julgadas pela maioria daqueles que ela julgava também queridos, mas eram sim a certeza de que ela não precisava ir muito longe para sentir seu coração pulsar forte e sua voz sair límpida como a de um anjo, ao som de uma viola qualquer fora do tom; que essa coisa tão desejada, chamada alegria, funciona exatamente como ela imagina. Funciona quando ela se permite a sair da tacanhez da sua vida, simplesmente se deixando ir, esquecendo muitas vezes até da razão, fazendo somente das batidas no interior de seu peito os compassos do seu passo. E quando ela se sente assim, é certeza: a última coisa na qual ela pensa é em voltar.

5.1.10

A Outra Face

E agora o ano chegou, e eu só me sinto cansada e meio ressaqueada de tudo. Pois eu acabo de perceber que as mesmas coisas que me incomodavam antes, me incomodam até agora. E eu continuo sendo a mesma boboca frágil, que é bem miserável, mas só na garganta. Hoje eu ouvi que eu não sabia nem por que eu ria, quanto mais por que eu chorava. Creio que tenham me dito isso por não ter o que dizer, e porque estava com raiva de mim (o que não justifica), mas eu sei que não é verdade. Sei por que eu choro, sempre sei. Posso não saber dizer com palavras, pelo menos não aquelas que são certas, mas se eu choro, é porque é preciso. E se eu rio, é porque é engraçado e me faz bem! Por que será que ele tenta me convencer tanto de que eu sou louca, desequilibrada, preciso de remédios, e etc.? Preciso de paz, isso sim. Por isso vou para a praia, acordar cedo, sentir o bafo da maré e, quem sabe, fazer algumas amizades, que refresquem a natureza do meu ser. Fui.

Feliz Ano Velho

Coisa péssima essa expectativa de um Ano Novo. Roupa nova, sapato novo, calcinha nova, um monte de dividas, tudo isso pra passar a virada do ano deitada em um tanto de edredons empilhados, fingindo serem uma cama, dopada de remédio pra cardiopatia.
Tudo isso começou porque eu mandei fazer um lindo vestido pra passar o fim de ano. E quando estava na costureira, descobri que o vestido estava um tanto... justo. Advinha? Dieta líquida durante 3 dias seguidos, shakes para emagrecer e muita folha no almoço. Acontece que eu sou uma pessoa um tanto doente, com problemas metabólicos, e esse coquetel molotov de coisas sem o mínimo de substância me causou um problemão. No momento em que eu coloquei a primeira garfada de substância no organismo, a pressão subiu, o coração acelerou e eu tive que me deitar, tomar meu remédio e esquecer das várias garrafas de sidra que eu havia comprado para brindar o novo ano. Resultado: passei o ano novo praticamente de cama, e ainda tive que ouvir do meu namorado se ele podia me deixar na cama pra sair com os amigos e curtir a festa na cidade ao lado.
Por isso que eu odeio essa expectativa, ou, pelo menos, passei a odiar. Foi como se as coisas continuassem da mesma forma que sempre, sem rituais, sem pessoas legais, só um chão de concreto duro e sensação de desmaio, mesmo estando em um lindo vestido de seda azul. Comecei o ano com o pé esquerdo. Tomara que ele não termine assim também, porque chego a tremer só de pensar que ele só está começando...