11.12.09

Hoje eu acordei meio Mico Leão.

"Menina, conserta esse cabelo, tá horrível"!
Juro que senti um calafrio que subiu desde o meu projeto de joanete até a infeliz da mecha de cabelo branco que eu tenho e que tinta nenhuma no mundo consegue cobrir. E eu achando que seria a bola da vez os meus cabelos loiros, cor de mel. A priori eu olhei, reolhei, pedi opiniões e só ouvi todos me dizerem "está lindo!", mas quando ouvi essa assertiva supracitada de minha tia louca, bêbada e talvez uma das pessoas mais sensatas que eu conheça, juro que me senti a criatura mais imbecil da face da Terra. Algo como andar por aí rebolando com a saia embolada na calcinha ou esquecer de tirar a etiqueta da blusa nova que você comprou para ir àquela festa, logo aquela festa.
Caí em desespero geral. Juro que estou quase indo à primeira farmácia comprar uma tinta preto tufão pra desmanchar essa desgrascência que se faz presente em minha cabeça. De fato, ficou horrível, manchado, mal pintado pra caramba... e eu não imaginar a cena de alguns dias atrás, que eu me olhava no espelho e me sentia linda com meus cabelos claros, como de fato estou, não fosse por alguns probleminhas técnicos (não posso ser totalmente pessimista da minha situação diante de meus leitores, se é que eu tenho algum).
Sob vários protestos de meu namorado, comprei mais tinturas para tentar consertar a bobagem que fiz em um grande ato de coragem, daqueles fomentados por uma grande crise de casquinhagem de não querer doar centavos a um cabeleireiro. Na verdade, é porque eu realmente estou dura. Não por isso, na verdade, minha irmã é cabeleireira, mas tem fugido de mim como o cão da cruz, embora por pura coincidência do destino. Eu, claro, poderia ter aguardado, mas estava tão infeliz com aquelas raízes escuras que qualquer minuto a mais era um passaporte para um suicídio, seria bem capaz que aquela imagem tétrica de raízes totalmente distoantes com o comprimento influisse na integridade do meu espelho, e não me restaria outra coisa senão aproveitar seus restos mortais para me matar, seja de ódio, seja por uma incisão malfeita na jugular, malfeita igual a essa imitação barata de Miró que fiz na minha cabeça. Argh.
Estou aqui olhando para as minhas tintas, e elas, claro, olhando para mim. Irresistível essa nossa atração. Tanto que as pessoas que eu conheço já estão jurando meu cabelo de morte, como se ele estivesse com câncer ou algo do tipo. Devo admitir que não brinco em serviço, mas meus cabelos estão relativamente saudáveis - apesar do aspecto saruábico que adquiriram após um problema de saúde recente. A questão é essa, se eu for esmorecer, é capaz dele viver mais que eu (a ciência diz que os cabelos crescem ainda após a morte, certo?).
Ah, gente. Cada qual tem seus caprichos. O meu é mudar de cor. Estava olhando aqui há pouco (inclusive quase me esqueço do meu compromisso semanal impublicável) alternativas para que as coisas deem certo dessa vez. Vou fazer uma decapagem, um descoloramento prévio - com minha irmã, claro - e me aproximar do tom dos reflexos perfeitos que nele estão agora, mesmo em meio à cagança. Entre outras palavras, tirar os manchados, para um resultado perfeito, como os motes das propagandas de tinturas prometem. Dessa vez, eu juro por todos os Santos que vai ficar lindo.
Ele tem a obrigação moral de ficar lindo. Não suportaria chegar em outra festa e ouvir alguém, por mais da minha confiança que seja, me repetir por um trilhão de vezes que é pra eu consertar a besteira que eu fiz. Uma coisa é você saber que fez besteira, a outra é você ter que reconhecer que errou porque o erro está estampado na sua cara. E reconhecer na frente de diversas pessoas te olhando com cara de bunda, o pior, pensando assim "deixa ela, ela está gostando", tratando a situação como uma melancia pendurada em meu pescoço. Nossa, minha autoestima foi parar no inferno.
O pior é pensar na quantidade de propaganda que eu fiz para esse meu novo visual. Álbum de fotos no Facebook, no orkut, frases no MSN, ligações para as minhas melhores amigas, nossa, será que elas estão pensando igual a minha tia nesse momento, mas não tem coragem de dizer porque me amam demais? Detesto essas situações limítrofes, pois tenho uma capacidade ímpar de alimentar minhocas no meu cérebro o tempo todo, e elas se reproduzem mais rápido que tumores (preciso parar de falar de câncer).Pior que estou fazendo flashbacks mentais de frases que ouvi e que agora fazem completo sentido, como minha irmã dizendo "eu não quero ficar loira saruaba" e coisas afins. Meu Deus, sou persona non grata. Talvez esse visual suburbano não vá muito bem comigo.
Hoje eu acordei meio Mico Leão Dourado. Preciso dar um jeito nisso. Urgentemente.
"Não se preocupe, tia. Semana que vem eu volto aqui com o cabelo consertado".
Argh.

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