1.12.09

(in)definições, e um jenesequá de nostalgia.

Diz-se da nostalgia a saudade de algo que não foi vivido, aquela saudade que sentimos e não sabemos do quê. Desde ontem a noite que ao ouvir algumas músicas eu sou tomada por um sentimento esquisito, como se eu tivesse que buscar pelo mundo onde estaria minha verdadeira felicidade, porque não mais a encontrava dentro de mim.
Tenho sentido uma grande carência afetiva. Esse ano ímpar, literalmente, não foi um ano do qual eu deva guardar as melhores lembranças. Muitas coisas que eu deixei por serem definidas com o tempo acabaram se perdendo, não só dentro de minha cabeça mas também em cada passo incerto que eu dei durante esses trezentos e trinta e poucos dias. Cambaleante.
Talvez seja apenas efeito do final de ano. Fiz uma viagem nesse fim de semana, fui visitar uma grande amiga, que faz parte das minhas melhores lembranças. Estar com ela é sempre muito bom, porque ela é uma vitoriosa e formou uma família linda, daquelas pessoas que por mais que sejam muito bem sucedidas, a felicidade delas é tão inebriante que é quase heresia invejar o sucesso delas - o que não é meu caso, porque a única coisa que verdadeiramente invejo dessa minha amiga é o cabelo, e olhe lá. Entre cervejas, DVD's do Festival de Woodstock e muitas bolas de natal, por dois dias eu esqueci completamente da maioria dos meus problemas e ainda estive em contato com um passado muito especial. Uma parte de mim que, por um momento, eu até esqueci que existia: a parte de mim que se ama, verdadeiramente. E que se deseja, e é desejada. Quando dei por mim, estava lá ele, o vazio que nada preenche - a vontade de ser o que nunca fui, de buscar o que me dê prazer ou simplesmente sair por aí dançando, só pelo simples prazer de me fazer acreditar que sei, sem dar atenção a quaisquer opiniões alheias.
O que torna a situação um pouco mais complicada é o fato de entendermos onde está o que irá amenizar esse oco sem toco, por mais músicas repetidas que se ouça na tentativa de se prolongar a sensação de quase dor que a nostalgia traz. Interessante que a maioria das línguas não usa a palavra saudade, e sim nostalgia para denominar a falta, geralmente do outro. Por incrível que pareça, sinto verdadeiramente falta de mim mesma, de toda a minha paixão e coragem e de algo tão extraordinário quando a vontade de viver, um ideal para se correr atrás.

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