10.1.10

Coragem.

Ela tinha resolvido ir para aquele lugar que tanto gostava. Nada de especial, somente algo de fresco no coração, que pedia que ela simplesmente fosse. E assim, foi. Mas só de pisar naquela grama, de tocar aquela areia, seu coração se enchia de uma alegria contagiante, a qual só quem realmente viu sua resplandescência poderia afirmar com certeza. Ela, no fundo, sabia que algo muito especial ia acontecer, no momento em que aquela voz querida e amiga surgisse no ar, como quem conta uma boa nova. Sabia que quando ouvisse essa voz, o mundo se abriria em cores, sabores e novas caras, e que aquele lugar sempre traria a certeza de que todas as coisas sonhadas, desejadas e queridas não eram apenas loucuras como julgadas pela maioria daqueles que ela julgava também queridos, mas eram sim a certeza de que ela não precisava ir muito longe para sentir seu coração pulsar forte e sua voz sair límpida como a de um anjo, ao som de uma viola qualquer fora do tom; que essa coisa tão desejada, chamada alegria, funciona exatamente como ela imagina. Funciona quando ela se permite a sair da tacanhez da sua vida, simplesmente se deixando ir, esquecendo muitas vezes até da razão, fazendo somente das batidas no interior de seu peito os compassos do seu passo. E quando ela se sente assim, é certeza: a última coisa na qual ela pensa é em voltar.

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