11.1.10

Carta de amor, ridícula.

Me dê o endereço de quem plantou na sua cabeça que está tudo errado.
Eu juro que vou lá, e faço essa pessoa engolir uma por uma as vírgulas do que disse.
Empurro goela abaixo cada verbo, cada adjunto, e a cada frase sem sentido
que eu encontrar no falar dela, piso no peito seu pé com salto 15, e se ela
não estiver satisfeita com a dor, sentirá o calor das agulhas quentes embaixo da sua unha.
Porque, meu amor, nada há de ser errado, e até o que for errado, um dia vai se acertar
Porque tudo nasceu certo, tão certo quanto o sorriso que você vai esboçar quando ler essas linhas,
por mais que eu tente escondê-las, por zelo ou vergonha.
Tudo está tão certo, e a prova é que meu coração gela com cada despedida, cada dia
cada minuto que eu quase esqueço das marcas do seu rosto, ou das suas cuecas em minha gaveta
e até do barulho peculiar do seu carro.
Até o que está errado, vai se acertar, no dia em que cada canção que fizemos fizer sentido para tantos outros casais, mais até que nós dois;
no dia que a distância entre nós diminua até poucos centímetros de uma mão para outra, em cima de um lençol de algodão.
Se tudo entre nós está errado, eu não teria tanto amor. E você, certamente, não teria mais a mim.
Está tudo certo. Esse é o nosso caminho, e embora a felicidade esteja um tanto egoísta,
eu não deixo você por nada, embora reste a mim pouca coisa a fazer e a dizer.

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